terça-feira, 7 de janeiro de 2014

[Resenhando Nacional] Máscara - Luiz Henrique Mazzaron

Título: Máscara – A Vida não é um Jogo.
Autor: Luiz Henrique Mazzaron.
Editora: Novo Século.
Nº de páginas: 368.
Sinopse: No mundo de Domus, a morte é a moeda que alimenta o jogo. E a verdade pode custar a vida. Liam é um garoto que viveu por muito tempo isolado devido aos constantes castigos do sádico tio, um carrasco ex-militar. Porém, inesperadamente, surge uma entidade maléfica, uma figura das trevas trajando uma máscara, e passa a o perseguir, levando-o a participar de um jogo num mundo surreal, chamado Domus. Junto a um grupo, Liam parte para uma experiência alucinante, em que os pecados da humanidade serão colocados em xeque, como numa espécie de julgamento. Um combate onde o principal objetivo do adversário é mostrar o quão odiosa é a raça humana… Mas ainda há muitos mistérios que rodeiam este intrincado jogo. Por qual motivo a criatura possui tamanha obsessão por ele? E vale a pena prosseguir, já que a morte é a única certeza?

 Nota Pessoal:

Em seu livro de estreia, Luiz Henrique Mazzaron criou um enredo que cativa o leitor desde seu início misterioso, levando-o a assombrar-se ainda mais com o desconhecido do desenrolar dos fatos e presenteando-o com um final de tirar o fôlego, que além de consolidar tudo que ele escreveu de uma forma peculiar, deixa no leitor muito mais que a curiosidade para a continuação da história.

O livro dividido em seis partes mais o prólogo agradará os mais ávidos leitores do terror e os deixarão surpresos com o quanto a história é ‘de dar arrepios’ e totalmente imprevisível. E acho sinceramente que esse é o grande lance do autor, o que torna sua obra ainda mais fascinante: tudo é uma surpresa; tudo é desconhecido; tirando o próprio Liam, que parece ser o verdadeiro protagonista da história, todos são suspeitos. E é a partir desse garoto que tudo começa. Toda a história de Domus.

No começo do livro nos deparamos com um garoto que sofre nas mãos de um tio carrasco. Com os pais mortos, o pequeno Liam se vê obrigado a morar com um tio que o maltratava de formas cruéis, não merecidas por nenhuma criança.
E é quando uma assistente social tenta ajuda que coisas misteriosas começam a acontecer. Ela é morta, o que consequentemente desencadeia o envolvimento da polícia e uma série de acontecimentos bizarros parecem agora rondar o pequeno Liam. E mais: as pessoas que começaram a se envolver no caso começam a morrer de formas misteriosas.

Liam então é designado para morar num orfanato comandado por freiras, e o mal parece perseguir o garoto. Lá também começam a acontecer coisas inexplicáveis e ‘incomuns’. Silvya e Craig, assim como Ryan (estes três da polícia) e uma das freiras se veem obrigados a mudar-se para longe de tudo aquilo. Abandonar tudo, sem deixar rastros e viver uma vida afastada. Ryan não segue com eles, mas oferece uma casa para que eles construam uma nova vida lá.

Anos depois, com família constituída, tudo parecia perfeito. Até novos acontecimentos começarem novamente a fazer-se rotina na vida da família.
E então, como se para concretizar os antigos e novos acontecimentos, Liam é levado para um mundo totalmente diferente do seu. E percebe-se dentro de um jogo onde pessoas são postas a prova. E é onde toda a sua vida parece cair, literalmente, sobre sua cabeça.
“ O objetivo do jogo é fazer vocês pagarem pelos seus pecados, do meu jeito. E fazer de você, Liam, uma pessoa que possa compreender a podridão da sociedade humana [...] Salve-as dos meus jogos, mas fique sabendo: se elas vivem ou m orrem, é escolha exclusiva do julgamento de vocês. Ambas as escolhas levam ao mesmo resultado.” Pág:136
Eu poderia continuar divagando sobre o quanto o enredo é rico das formas mais surpreendentes possíveis. Mas não, acho que até aí já dá para perceber o quanto tudo é muito misterioso e que o ritmo é de tirar o fôlego.

E foi exatamente nesse outro mundo de nome Domus, um mundo semelhante ao nosso só que destruído e sem nenhuma perspectiva de melhoria, que o autor estruturou toda a sua trama. Incutiu personagens de caráter totalmente duvidoso, assim como outros que ganham o leitor aos poucos.
São os personagens um dos pontos mais intrigantes e incríveis da história. Eles foram muito bem esculpidos e a narrativa ágil e sem muitos rodeios - levando os personagens a tomarem decisões a cada momento, decisões estas que acabavam por revelar o caráter e a humanidade de todos e cada um - que aproximam e envolvem o leitor de uma forma que para mim, foi quase impossível parar de virar as páginas.

Luiz Henrique Mazarron criou personagens fortes e com personalidades muito distintas. No jogo – que compõe o foco principal do enredo – o autor juntou as mais variadas pessoas: o estuprador, a assassina, a traidora, o covarde, a trapaceira, a indiferente, o corrupto, o invejoso, o ladrão e a sádica. Só que mais que isso, ele revelou personagens que dividem a opinião dos leitores. A cada novo ‘desafio’ que tem de enfrentar, eles mudavam completamente na minha concepção de bom e ruim. E isso acontece sem que eles mudem suas personalidades. Ao contrário, eles vão-se revelando aos poucos e em determinado momento, você, leitor, sabendo que nem todos poderão sair vivos, vai formando o seu próprio grupo; as possíveis pessoas que você queria ao seu lado naquele mundo horrível. É perceptível como tudo em todos os personagens é moldável.

É difícil explicar o quanto os personagens são únicos e críveis; não tive como não me afeiçoar a Mary, a Kelly – uma drag que dá uma descontraída básica nos momentos de tensão -, ao Daniel, a Georgia... Odiar a Kikki, ter um ‘pé atrás’ com a Genevieve, e achar o Ramon um sujeito que tem uma história triste, mas que não justifica sem atos cruéis.

O cenário é uma destruição total, e a narrativa em terceira pessoa ajuda o leitor a situar-se bem e olhar todos os ângulos da história. A forma de escrita é frenética, com momentos de alta adrenalina que – poxa! – me trouxeram demasiados sentimentos de fúria, desespero e pura loucura. Claro que existem intervalos de tempo que você ‘para e respira’, e por um momento esquece que a cada piadinha de Kelly (acho que todo leitor de Máscara a ama) significa um desafio maior pela frente.

Digo, com toda a certeza, que o Luiz fez bem o que se propôs com Máscara: contar uma história arrepiante, que supera todas as expectativas criadas – ao menos, superou as minhas. E ainda tem uma ‘coisa’ meio que sobrenatural, que nos é apresentado ‘superficialmente’, mas poderá revelar-se uma surpresa (mais uma) nos próximos livros.

E ah! eu não poderia esquecer dos meus queridos zumbis que povoam todo o território de Domus. Isso, particularmente falando, é um encanto (só um louco como eu pra achar zumbis um encanto) à parte. Eles estão por todos os lados, o que causa um frenesi na narrativa.

Um livro dos bons para aqueles que procuram uma leitura assombrosa, com toques dos mais diversos e conhecidos filmes de terror (fãs de Jogos Mortais, este livro é obrigatório). Não só; um livro que acabou por me revelar um autor brasileiro que me parece promissor e que mesmo novo é um entendedor de como contar história; e de como imaginar boas histórias.

Boa Leitura!

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Um comentário:

  1. Wooow!! Gostei demais da sua resenha!! O livro é bem isso que você contou!! A Parte 1 me boquiaberto durante toda a leitura da mesma!!
    Seguindo aqui!!
    Abraços!
    Misael
    http://devoradoresde-livros.blogspot.com

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